Anestesiologista tem prisão em flagrante convertida em preventiva 

Giovanni Quintella Bezerra fica impedido de exercer a medicina no RJ, e processo ético-profissional pode levar à cassação definitiva do registro/Reprodução

Preso por estupro durante parto no Hospital da Mulher tem prisão convertida em preventiva. Além do flagrante, a Deam investiga outros 5 possíveis caso

O anestesiologista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, teve a prisão convertida de flagrante para preventiva hoje (12). Preso por estupro na hora de um parto no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ele é investigado por pelo menos mais cinco crimes de abusos sexuais. O preso vai responder por estupro de vulnerável.

O médico passou por audiência de de custódia na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Após a audiência, Giovanni foi encaminhado para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, onde ficará sozinho em uma cela, segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

Com a mudança do status da prisão, o criminoso ficará preso por tempo indeterminado, tendo sua situação reavaliada se ultrapassar 90 dias. Neste tempo, o inquérito policial conduzido pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, poderá ser concluído e entregue ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que decidirá pela denúncia ou não, e pela manutenção da prisão.

Conduta acentuada
Na decisão, a juíza Rachel Assad ressaltou que nem a presença de outras pessoas na sala foi capaz de impedir o abuso. “A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico”, argumenta.

As imagens mostram o anestesista colocando o pênis na boca da vítima enquanto a cesárea é realizada pelo obstetra. O registro foi feito pela equipe de enfermagem, que estava desconfiada dele há um mês, devido a comportamentos estranhos, como: tentar dificultar a visão da equipe com capote, sedação demasiada das mulheres e movimentação suspeita da cabeça das pacientes.

Outras possíveis vítimas
De acordo com Barbara Lomba, uma enfermeira trouxe novas informações em um dos depoimentos prestados nesta terça (12). “Ela contou que viu o Giovanni com o pênis ereto no domingo. Além da vítima do vídeo, outras três mulheres já vieram até a delegacia e acreditam que possam ser vítimas do anestesista”, disse durante entrevista à Globonews.

ISP contabilizou 177 casos de abuso sexual em hospitais do Rio

O Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que, entre 2015 e 2021, foram computados no estado do Rio 177 casos de estupro em hospital, clínicas ou similares. Em média, ao longo desses sete anos, uma pessoa foi abusada em uma unidade de saúde do Rio a cada duas semanas.

De acordo com os dados obtidos pelo jornal O Globo, através da Lei de Acesso à Informação, a capital fluminense aparece em primeiro lugar na estatística, com 80 ocorrências do gênero no período, cerca de 45,2%. Em seguida vem Niterói, com 18 casos, e Duque de Caxias, 12.

Com seis estupros em hospitais, sem considerar o episódio mais recente, em São João de Meriti, onde Giovanni foi preso, ocupa a quinta posição na lista, empatado com São Gonçalo, que tem o dobro de população.

O levantamento ainda aponta que 86% dos abusados em ambientes hospitalares são mulheres, com 147 ocorrências. Em 24, as vítimas eram homens, enquanto em outras seis o campo “gênero” consta como “sem informação”.

Nos dados do Instituto é possível afirmar que 37 ocorrências foram contra crianças de no máximo 13 anos, e outras dez contra adolescentes de 14 a 17. Houve também cinco casos em que as vítimas eram idosas de 60 anos ou mais.