Alerj vira abrigo de derrotados

01 Plenário da Alerj

Por Elizeu Pires

Ex-deputados e afins são nomeados com altos salários, mas quanto estão ganhando mesmo hein?

Rui Aguiar está entre os que recebem salários fora da realidade na Assembleia Legislativa do Rio

Apontado como responsável pela estrondosa derrota sofrida nas urnas pela ex-vereadora e ex-secretária de Educação de Guapimirim, Rizê Silvério, em 2016, Rui Tomé Aguiar não tem do que reclamar.
Está muito bem empregado na Assembleia Legislativa e ela tem de se desdobrar nas salas de aula, isso depois de um mandato parlamentar e de ter comandado o setor de ensino naquele município. Em 2016 ela era apontada como “pule de 10” nas eleições municipais, mas perdeu feio. A derrota foi debitada na conta de Rui, que chegou à cidade para assessorar a então secretária e poucos meses depois estava dando as ordens, tendo assumido também a coordenação da campanha de Rizê, na qual não faltaram denúncias de uso da máquina administrativa e pressão sobre diretores de escolas.
Em junho de 2016, por exemplo, Rui encerrou assim uma reunião marcada por ele para supostamente anunciar adequações no quadro de funcionários de apoio: “Professora Rizê, perfeita para você, melhor para Guapimirim”. Dita a frase, contrataram à época alguns servidores, e Rui passou a palavra para a então vereadora. Isso foi gravado em áudio pelos funcionários. No áudio, Rui orienta sobre a campanha eleitoral que, segundo ele, será feita de forma que Rizê pudesse ser a vereadora mais votada no município naquele ano. Na gravação o hoje funcionário da presidência da Alerj apresenta Rizê como “mulher do poder para poder”.

Deu ruim para vereadora

As movimentações na intimidade do poder em favor de Rizê começaram antes mesmo das convenções e seu grupo não tinha dúvidas. “Vai ser a mais votada, diziam os seus”. Só que deu ruim: a mulher do poder teve apenas 666 votos e seu guru saiu da cidade como o responsável pela desgraça política de quem era vista como dona de um grande futuro, pois servidores que se sentiam pressionados para trabalhar pela reeleição de Rizê acabaram descontando nela a raiva que passaram a sentir por Rui Aguiar.
“Nós estamos sendo praticamente intimadas a ir nessas reuniões. O que nos falam é que temos de votar na vereadora Rizê e na Marina (então candidata a prefeita). Somos servidoras concursadas e não podemos ser demitidas, mas sempre há um jeito de nos prejudicar. A pressão sobre os contratados e nomeados em cargos de confiança ainda é maior, pois são alertados de que os empregos deles dependem da vitória do grupo nas urnas”, dizia uma professora na época.
Numa das gravações aparece Rui fazendo a seguinte indagação: “Vocês não acham que somos capazes de produzir por pessoa 20 votos?”. Em seguida ele explica que a meta era formar um grupo de 100 “lideranças”, com a responsabilidade de cada um deles conseguir, no mínimo, 20 votos para a então vereadora. “Um total de dois mil votos, sem contar com os que Rizê vai para a rua pedir e com os cartões que ela vai distribuir”.

Um dos ‘marajás’ da Assembleia

HORA H levantou e descobriu que o ‘pé de azar’ na vida da Rizê, Rui Aguiar (nome político dele), não pode reclamar da sorte. Em dezembro de 2018, ele recebeu R$ 20.425,42 (Vinte mil, quatrocentos e vinte e cinco reais e quarenta e dois centavos) líquidos. “Sem contar que, ainda, poderá responder vários processos no campo administrativo e até suposto envolvimento em fraudes em licitações, durante sua estrada funcional nas prefeituras”, informa uma fonte do jornal.
A partir de hoje, HORA H vai rastrear os nomeados da Alerj, detectar salários e informar aos leitores e internautas.

Edição: Jota Carvalho / HORA H